Versos de Adolfo Casais Monteiro. Editorial Inquérito. Lisboa, 1944, 257 págs. Dura.
Edição de muito cuidada execução gráfica, ilustrada com um retrato do autor por Cícero Dias, impresso em separado.
Poeta e ensaísta. Fez os estudos secundários na sua cidade natal e, ainda ali, frequentou a antiga e famosa Faculdade de Letras do Porto, que a ditadura de Salazar extinguiu e onde conheceu, não sem dele ter recebido salutares e perenes marcas intelectuais, o filósofo Leonardo Coimbra. Em 1929, juntou-se a este e a Sant’Anna Dionísio na revista A Águia. Nesse mesmo ano estrear-se-ia em livro, como poeta, com o volume Confusão, que, com as suas duas colectâneas seguintes (1934 e 1937) e os primeiros ensaios, mostrará, para Óscar Lopes, «uma rudeza ou bufonaria sem amabilidades, mesmo rítmicas, a que correspondia um conflito interno entre o lirismo já tradicional do alheamento, do isolamento, da insatisfação egotista, e o lirismo da adesão ao momento que passa». Para Gastão Cruz, «Nunca antes […] as fronteiras entre prosa e poesia se haviam diluído a tal ponto na poesia portuguesa. Mas também nunca os perigos dessa indeterminação se haviam mostrado tão nítidos». Daí que Eugénio Lisboa oportunamente lembre: «O próprio Casais Monteiro revelou frequentemente, junto dos amigos de Coimbra, as suas dúvidas quanto à sua vocação de poeta e quanto à eventual aceitação da sua poesia. Régio, em cartas particulares, encorajava-o, valorizando, com simpatia, a aparente “gaucherie” do verso de Casais. E, falando da poesia de João Falco (Irene Lisboa), nas páginas da Presença, observará mesmo: “A influência de Casais Monteiro na libertação do nosso verso moderno não pode deixar de ser reconhecida”.» Posteriormente, nos livros de poemas publicados entre 1948 e 1969, Óscar Lopes notará «uma tendência para maior regularidade rítmica» aliada «a uma aceitação quase clássica ou estóica de cada momento da vida efémera, aceitação tendente a minimizar o que num poema existe de voz pensante, para tudo apreender como simples inflexão objectiva».
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Edição de muito cuidada execução gráfica, ilustrada com um retrato do autor por Cícero Dias, impresso em separado.
Poeta e ensaísta. Fez os estudos secundários na sua cidade natal e, ainda ali, frequentou a antiga e famosa Faculdade de Letras do Porto, que a ditadura de Salazar extinguiu e onde conheceu, não sem dele ter recebido salutares e perenes marcas intelectuais, o filósofo Leonardo Coimbra. Em 1929, juntou-se a este e a Sant’Anna Dionísio na revista A Águia. Nesse mesmo ano estrear-se-ia em livro, como poeta, com o volume Confusão, que, com as suas duas colectâneas seguintes (1934 e 1937) e os primeiros ensaios, mostrará, para Óscar Lopes, «uma rudeza ou bufonaria sem amabilidades, mesmo rítmicas, a que correspondia um conflito interno entre o lirismo já tradicional do alheamento, do isolamento, da insatisfação egotista, e o lirismo da adesão ao momento que passa». Para Gastão Cruz, «Nunca antes […] as fronteiras entre prosa e poesia se haviam diluído a tal ponto na poesia portuguesa. Mas também nunca os perigos dessa indeterminação se haviam mostrado tão nítidos». Daí que Eugénio Lisboa oportunamente lembre: «O próprio Casais Monteiro revelou frequentemente, junto dos amigos de Coimbra, as suas dúvidas quanto à sua vocação de poeta e quanto à eventual aceitação da sua poesia. Régio, em cartas particulares, encorajava-o, valorizando, com simpatia, a aparente “gaucherie” do verso de Casais. E, falando da poesia de João Falco (Irene Lisboa), nas páginas da Presença, observará mesmo: “A influência de Casais Monteiro na libertação do nosso verso moderno não pode deixar de ser reconhecida”.» Posteriormente, nos livros de poemas publicados entre 1948 e 1969, Óscar Lopes notará «uma tendência para maior regularidade rítmica» aliada «a uma aceitação quase clássica ou estóica de cada momento da vida efémera, aceitação tendente a minimizar o que num poema existe de voz pensante, para tudo apreender como simples inflexão objectiva».
Versos de Adolfo Casais Monteiro. Editorial Inquérito. Lisboa, 1944, 257 págs. Dura.
Edição de muito cuidada execução gráfica, ilustrada com um retrato do autor por Cícero Dias, impresso em separado.
Poeta e ensaísta. Fez os estudos secundários na sua cidade natal e, ainda ali, frequentou a antiga e famosa Faculdade de Letras do Porto, que a ditadura de Salazar extinguiu e onde conheceu, não sem dele ter recebido salutares e perenes marcas intelectuais, o filósofo Leonardo Coimbra. Em 1929, juntou-se a este e a Sant’Anna Dionísio na revista A Águia. Nesse mesmo ano estrear-se-ia em livro, como poeta, com o volume Confusão, que, com as suas duas colectâneas seguintes (1934 e 1937) e os primeiros ensaios, mostrará, para Óscar Lopes, «uma rudeza ou bufonaria sem amabilidades, mesmo rítmicas, a que correspondia um conflito interno entre o lirismo já tradicional do alheamento, do isolamento, da insatisfação egotista, e o lirismo da adesão ao momento que passa». Para Gastão Cruz, «Nunca antes […] as fronteiras entre prosa e poesia se haviam diluído a tal ponto na poesia portuguesa. Mas também nunca os perigos dessa indeterminação se haviam mostrado tão nítidos». Daí que Eugénio Lisboa oportunamente lembre: «O próprio Casais Monteiro revelou frequentemente, junto dos amigos de Coimbra, as suas dúvidas quanto à sua vocação de poeta e quanto à eventual aceitação da sua poesia. Régio, em cartas particulares, encorajava-o, valorizando, com simpatia, a aparente “gaucherie” do verso de Casais. E, falando da poesia de João Falco (Irene Lisboa), nas páginas da Presença, observará mesmo: “A influência de Casais Monteiro na libertação do nosso verso moderno não pode deixar de ser reconhecida”.» Posteriormente, nos livros de poemas publicados entre 1948 e 1969, Óscar Lopes notará «uma tendência para maior regularidade rítmica» aliada «a uma aceitação quase clássica ou estóica de cada momento da vida efémera, aceitação tendente a minimizar o que num poema existe de voz pensante, para tudo apreender como simples inflexão objectiva».
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