Uma Noite de Augusto de Castro. Editorial Organizações. Lisboa, s.d., 79 págs. Mole.
Acompanhei ontem ao cemitério o corpo do des graçado Rodrigo. Sepultei com ele o segredo doloroso da minha própria vida. Esse segredo nem ele próprio o suspeitou. Durante toda a sua inglória e triste existência ele foi o protagonista dum drama-que até ao fim ignorou. Esse drama é o meu drama. Tenho a consciência de ter integralmente cumprido o meu dever para com o meu nome e para com a memória da única mulher que amei e que me traiu.
Durante vinte e oito anos guardei no fundo de mim próprio, amargamente, o mistério do amor e do ódio sobre o qual desde ontem pesa uma fria pedra tumular. Sou livre agora. Sou livre e só no mundo. Posso falar. Sinto-me velho, e perto também da Eterna Jornada, que não deve tardar-perto de Deus e longe, cada vez mais longe, dos homens. De tudo o que foi a minha longa passagem na terra restam em torno de mim espectros-nada mais. Esses espectros viveram vinte e oito anos comigo, em torno de mim, dentro de mim. Sofri a agonia exasperante da traição que sobrevive a si própria, da mentira que de si própria se oculta, da vergonha, do rancor que não podem confessar-se que é mister todos os dias recalcar e todos os dias ver renascer na nossa própria alma.
6,00 €
Acompanhei ontem ao cemitério o corpo do des graçado Rodrigo. Sepultei com ele o segredo doloroso da minha própria vida. Esse segredo nem ele próprio o suspeitou. Durante toda a sua inglória e triste existência ele foi o protagonista dum drama-que até ao fim ignorou. Esse drama é o meu drama. Tenho a consciência de ter integralmente cumprido o meu dever para com o meu nome e para com a memória da única mulher que amei e que me traiu.
Durante vinte e oito anos guardei no fundo de mim próprio, amargamente, o mistério do amor e do ódio sobre o qual desde ontem pesa uma fria pedra tumular. Sou livre agora. Sou livre e só no mundo. Posso falar. Sinto-me velho, e perto também da Eterna Jornada, que não deve tardar-perto de Deus e longe, cada vez mais longe, dos homens. De tudo o que foi a minha longa passagem na terra restam em torno de mim espectros-nada mais. Esses espectros viveram vinte e oito anos comigo, em torno de mim, dentro de mim. Sofri a agonia exasperante da traição que sobrevive a si própria, da mentira que de si própria se oculta, da vergonha, do rancor que não podem confessar-se que é mister todos os dias recalcar e todos os dias ver renascer na nossa própria alma.
Uma Noite de Augusto de Castro. Editorial Organizações. Lisboa, s.d., 79 págs. Mole.
Acompanhei ontem ao cemitério o corpo do des graçado Rodrigo. Sepultei com ele o segredo doloroso da minha própria vida. Esse segredo nem ele próprio o suspeitou. Durante toda a sua inglória e triste existência ele foi o protagonista dum drama-que até ao fim ignorou. Esse drama é o meu drama. Tenho a consciência de ter integralmente cumprido o meu dever para com o meu nome e para com a memória da única mulher que amei e que me traiu.
Durante vinte e oito anos guardei no fundo de mim próprio, amargamente, o mistério do amor e do ódio sobre o qual desde ontem pesa uma fria pedra tumular. Sou livre agora. Sou livre e só no mundo. Posso falar. Sinto-me velho, e perto também da Eterna Jornada, que não deve tardar-perto de Deus e longe, cada vez mais longe, dos homens. De tudo o que foi a minha longa passagem na terra restam em torno de mim espectros-nada mais. Esses espectros viveram vinte e oito anos comigo, em torno de mim, dentro de mim. Sofri a agonia exasperante da traição que sobrevive a si própria, da mentira que de si própria se oculta, da vergonha, do rancor que não podem confessar-se que é mister todos os dias recalcar e todos os dias ver renascer na nossa própria alma.
Peso | 70 g |
---|
Arte
Boletim Bibliográfico
Livros Baratos
Rua Álvaro Cunhal
nº 4A, Piso 1, Escritório 1
2005-414 Santarém
Visitas por marcação.