Descrição

Neste romance de Vintila Horia assiste-se ao nascimento de Jesus, ocorrido oito anos antes da partida de Ovídio para o desterro, por ordem do imperador Augusto. É no seu exílio em Tomes que o famoso poeta se inteira da grandeza desse acontecimento histórico e começa a sentir-se penetrado duma religião ignota, irresistivelmente atraído por «esse novo Deus, esse novo povo, esse novo sol». O autor, Vintila Horia, relendo em 1958, data do bimilenário de Ovídio, as obras do poeta das Metamorfoses, descobre nele um estranho parentesco humano. Vintila é também um exilado político. Isso o leva, não só a perfilhar a revolta do poeta contra a tirania de Augusto, igual a to das as tiranias, mas também a aceitar a viragem do seu espírito para uma verdade redentora essa «palavra de paz que os homens algum dia encontrarão, como uma flor estranha, à beira duma longa estrada». E então imagina um diário escrito por Ovídio, no qual o poeta teria registado todas as andanças do seu exílio, até à morte. Este suposto diário veio a constituir o texto do presente romance. Irmanados, identificados, o poeta do século I e o romancista do século XX vivem um drama comum. Ambos sen tem que o anúncio dos profetas conduziu a uma verdade definitiva. Um filho dos homens desceu à terra para assumir as suas angústias e as suas esperanças. Em Belém, ao fundo da Judeia, «Deus nasceu no exílio».