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Charles Bukowsky, o beat que nunca foi beat.

É comum incluir no rol de membros da Beat Generation o escritor Charles Bukowski. Mas a verdade é que ele nunca fez parte desse movimento. O erro está muitas vezes associado ao facto de que tanto os membros da Beat Generation (Alain Ginsburg, Jack Kerouac, William S. Burroughs) entre outros serem considerados com representantes  “contracultura” tal como Bukowski.

De recordar que o autor de “As Mulheres” nasceu na Alemanha, em 1920, de onde a família emigrou para os Estados Unidos quando tinha apenas três anos. Viveu quase sempre em Los Angeles e teve variadíssimos empregos. Fez uma cura de alcoolismo. Foi algumas vezes preso. Por fim dedicou-se inteiramente à literatura, seu principal interesse ao longo dos últimos trinta anos.

Descoberto pela crítica europeia no decurso da década passada, esta viu nele «um mártir truculento do sonho americano» (L’Express), afirmou que era o que «de melhor fizera a América depois de Faulkner e de Hemingway» (Charlie Hebdo), considerou-o «o maior escritor do nosso tempo» (Tribune Socialiste e ainda L’Express), «<um dos novos santos bizarros da literatura do século XX» (Le Nouvel Observateur) e, enfim, «o Céline dos Estados-Unidos» (Humanité).

Dezassete mulheres perpassam neste livro. Quase todas jovens e belas. E todas participantes da inesgotável sucessão de episódios, gro- tescos uns, violentos outros, e outros ainda de uma transbordante ternura, que Bukowski descreve em tom marcadamente realista, ape- nas temperado pela ironia e pela sua tendência para a prática dos aforismos.

E, contudo, o tema desta história não são as mulheres mas o próprio Bukowski (ou o seu alter-ego Henry Chinaski), aqui apresentado na maturidade dos seus cinquenta anos, já com algum sucesso como escritor, e rodeado de uma perigosa galeria de mulheres.

Um homem com poucas ilusões a seu próprio respeito, desejoso de exibir dúvidas e convicções perante um público que, não raras vezes, apenas parece capaz de apreciar a máscara obscena do escritor e da obra.

Mais obsceno do que Miller. Mais violento do que Hemingway. Mais imprevisível do que Allen Ginsberg. O álcool e as mulheres, a paixão dos cavalos e o fascínio pelos ladrões, pelos violadores e pelos marginais em geral, a sua desenfreada vontade de viver, tudo contado num estilo directíssimo, quase oral, cru e desinibido – eis o que fez de Bukowski um dos escritores mais jovens e singulares do novo romance americano e, na opinião de alguns, um dos grandes escritores do nosso tempo.

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