Publicado em 1852, “A cabana do pai Tomás” (Uncle’s Tom Cabin” tornou-se imediatamente num best-seller e contribuiu para questionar o sistema esclavagista nos estados do Sul dos Estados Unidos.
Reza a história que, em 1862, quando o presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, conheceu Harriet Beecher Stowe, cumprimentou-a dizendo: “Então é você a mulherzinha que escreveu o livro que provocou esta grande guerra!” O diminutivo estava correcto, pois Stowe tinha um metro e meio de altura e o presidente mais de um metro e noventa. E embora seja exagerado dizer que A cabana do pai Tomás desencadeou por si a Guerra da Secessão (1861-1865), a terrível contenda entre o Sul e o Norte dos Estados Unidos que provocou centenas de milhares de mortos, não há dúvida de que contribuiu decisivamente para mobilizar a opinião pública contra o regime esclavagista dos estados sulistas.
Stowe assumiu os estereótipos raciais da sua época, segundo os quais as raças eram essencialmente diferentes e o negro era uma criatura inapta, escrava das emoções, incapaz de se governar por si próprio. Porém, os indivíduos que mantinham a primazia do sentimento sobre o intelecto (quer pelo romantismo quer pela religião evangélica) viam nestas supostas debilidades uma série de virtudes redentoras e até indícios de superioridade dos afro-americanos, e daí a sua imagem como criaturas inocentes e cristãs naturais.
O livro sempre esteve envolto em grande polémica: por um lado houve quem considerasse uma importante peça de activismo anti-esclavagista, enquanto que outros a consideravam imoral e anti-natural pelo retrato que a autora fazia das personagens negras.
É considerada pelos especialistas como uma das primeiras obras literárias a ser alvo de censura, tendo a sua autora e alguns livreiros recebido cartas ameaçando a sua vida.
Actualmente, “A Cabana do Pai Tomás” encontra-se banida de inúmeras escolas e estados norte-americanos.