Autos, Romances e Trovas de Baltasar Dias. Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Lisboa, 1984, 415 págs. Mole.
Certamente que a representação pública de autos não era desconhecida para o povo antes de Gil Vicente.
O «mistério» medieval nasce no templo e é nesse ambiente recolhido e austero que se oferecem os melhores ensejos para o povo começar a penetrar nas subtilezas e recônditos de uma arte que responde de forma muito profunda e directa aos seus anseios de conhecimento e às suas interrogações perante o transcendente e o desconhecido. Mas não resta dúvida de que o Mestre é o inspirador das novas formas, e não é sem razão que Garcia de Resende dirá que «elle foi o que inventou isto cá e o usou com mais graça e mais doutrina».
Do número não pequeno de «fazedores de autos» durante a vida de Gil Vicente e após a sua morte, e aos quais atrás referenciamos, Baltasar Dias talvez não tivesse sido o mais talentoso, o mais culto. António Prestes desenharia com tintas vivas e expressivas a sociedade do seu tempo e Simão Machado tinha, por vezes, umas bem pronunciadas transparências de erudição. Chiado arrebanhava prosélitos com seu espírito repentista e mordaz.
Mas, Baltasar Dias, segundo o testemunho de quantos se debruçaram sobre a Escola Vicentina, foi o que o povo mais amou, porque é aquele que sabe exprimir-se numa linguagem mais emotiva, embora muito simples, e com temas que despertam então o entusiasmo e a pronta adesão das multidões.
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Certamente que a representação pública de autos não era desconhecida para o povo antes de Gil Vicente.
O «mistério» medieval nasce no templo e é nesse ambiente recolhido e austero que se oferecem os melhores ensejos para o povo começar a penetrar nas subtilezas e recônditos de uma arte que responde de forma muito profunda e directa aos seus anseios de conhecimento e às suas interrogações perante o transcendente e o desconhecido. Mas não resta dúvida de que o Mestre é o inspirador das novas formas, e não é sem razão que Garcia de Resende dirá que «elle foi o que inventou isto cá e o usou com mais graça e mais doutrina».
Do número não pequeno de «fazedores de autos» durante a vida de Gil Vicente e após a sua morte, e aos quais atrás referenciamos, Baltasar Dias talvez não tivesse sido o mais talentoso, o mais culto. António Prestes desenharia com tintas vivas e expressivas a sociedade do seu tempo e Simão Machado tinha, por vezes, umas bem pronunciadas transparências de erudição. Chiado arrebanhava prosélitos com seu espírito repentista e mordaz.
Mas, Baltasar Dias, segundo o testemunho de quantos se debruçaram sobre a Escola Vicentina, foi o que o povo mais amou, porque é aquele que sabe exprimir-se numa linguagem mais emotiva, embora muito simples, e com temas que despertam então o entusiasmo e a pronta adesão das multidões.
Autos, Romances e Trovas de Baltasar Dias. Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Lisboa, 1984, 415 págs. Mole.
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Certamente que a representação pública de autos não era desconhecida para o povo antes de Gil Vicente.
O «mistério» medieval nasce no templo e é nesse ambiente recolhido e austero que se oferecem os melhores ensejos para o povo começar a penetrar nas subtilezas e recônditos de uma arte que responde de forma muito profunda e directa aos seus anseios de conhecimento e às suas interrogações perante o transcendente e o desconhecido. Mas não resta dúvida de que o Mestre é o inspirador das novas formas, e não é sem razão que Garcia de Resende dirá que «elle foi o que inventou isto cá e o usou com mais graça e mais doutrina».
Do número não pequeno de «fazedores de autos» durante a vida de Gil Vicente e após a sua morte, e aos quais atrás referenciamos, Baltasar Dias talvez não tivesse sido o mais talentoso, o mais culto. António Prestes desenharia com tintas vivas e expressivas a sociedade do seu tempo e Simão Machado tinha, por vezes, umas bem pronunciadas transparências de erudição. Chiado arrebanhava prosélitos com seu espírito repentista e mordaz.
Mas, Baltasar Dias, segundo o testemunho de quantos se debruçaram sobre a Escola Vicentina, foi o que o povo mais amou, porque é aquele que sabe exprimir-se numa linguagem mais emotiva, embora muito simples, e com temas que despertam então o entusiasmo e a pronta adesão das multidões.
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