E o Oiro Perdeu o Brilho de Evaristo Franco. União Gráfica. Lisboa, 1943, 229 págs. Mole.
Durante aquela noite, apoderou-se do cérebro de Carlos Mendes pavorosa insónia. Volteava-se no leito, mas as pálpebras recusavam cerrar-se. Até ali a sua vida decorrera tranqüila, como superfície de lago profundo, mas, agora, ao bater nos dezasseis anos, sturgia a primeira dificuldade séria: – não po- der prosseguir no estudo. A avidez do saber e o amor dedicado a Maria Gabriela preenchiam, totalmente, a existência do moço. O espírito dominava a matéria, cujas imposições tirânicas se mantinham ainda laten- tes. Os seus olhos não tinham lobrigado, até então, as tintas carregadas do verdadeiro cariz do mundo. A ambição era para êle uma palavra vazia de senti- do. Se o acaso lhe punha nas mãos um periódico, e o noticiário descrevia as lutas que infernavam a huma- nidade, Carlos despercebia a razão dessas pugnas. As confidências paternas, feitas algumas horas antes, constituiam o erguer da ponta do véu com que se tapam as hipocrisias do camaleão humano
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Durante aquela noite, apoderou-se do cérebro de Carlos Mendes pavorosa insónia. Volteava-se no leito, mas as pálpebras recusavam cerrar-se. Até ali a sua vida decorrera tranqüila, como superfície de lago profundo, mas, agora, ao bater nos dezasseis anos, sturgia a primeira dificuldade séria: – não po- der prosseguir no estudo. A avidez do saber e o amor dedicado a Maria Gabriela preenchiam, totalmente, a existência do moço. O espírito dominava a matéria, cujas imposições tirânicas se mantinham ainda laten- tes. Os seus olhos não tinham lobrigado, até então, as tintas carregadas do verdadeiro cariz do mundo. A ambição era para êle uma palavra vazia de senti- do. Se o acaso lhe punha nas mãos um periódico, e o noticiário descrevia as lutas que infernavam a huma- nidade, Carlos despercebia a razão dessas pugnas. As confidências paternas, feitas algumas horas antes, constituiam o erguer da ponta do véu com que se tapam as hipocrisias do camaleão humano
E o Oiro Perdeu o Brilho de Evaristo Franco. União Gráfica. Lisboa, 1943, 229 págs. Mole.
Durante aquela noite, apoderou-se do cérebro de Carlos Mendes pavorosa insónia. Volteava-se no leito, mas as pálpebras recusavam cerrar-se. Até ali a sua vida decorrera tranqüila, como superfície de lago profundo, mas, agora, ao bater nos dezasseis anos, sturgia a primeira dificuldade séria: – não po- der prosseguir no estudo. A avidez do saber e o amor dedicado a Maria Gabriela preenchiam, totalmente, a existência do moço. O espírito dominava a matéria, cujas imposições tirânicas se mantinham ainda laten- tes. Os seus olhos não tinham lobrigado, até então, as tintas carregadas do verdadeiro cariz do mundo. A ambição era para êle uma palavra vazia de senti- do. Se o acaso lhe punha nas mãos um periódico, e o noticiário descrevia as lutas que infernavam a huma- nidade, Carlos despercebia a razão dessas pugnas. As confidências paternas, feitas algumas horas antes, constituiam o erguer da ponta do véu com que se tapam as hipocrisias do camaleão humano
Peso | 215 g |
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Ciências
Literatura Portuguesa & Lusofona
Biografias
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