“Das war ein Vorspiel nur, dort wo man Bücher Verbrennt, verbrennt man auch am Ende Menschen.” (É apenas um prelúdio, onde se queimam livros, vão-se queimar pessoal no fim”. (1)
A frase, escrita em 1820, da autoria do poeta alemão Heinrich Heine (1797-1856) é um presságio de algo que viria a acontecer na Alemanha, no segundo quartel do século XX. A 10 de Maio de 1933, em Berlim, apenas quatro meses depois de ter chegado ao poder o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, pela mão do seu ministro da propaganda Joseph Goebbels organiza uma Bücherverbrennung (Queima de Libros). Estudantes e simpatizantes do regime invadem uma biblioteca, e queimam, sob o olhar de centenas de pessoas, milhares de livros em praça pública de autores como: Sigmund Freud, Erich Maria Remarque, Karl Marx, entre outros.
No seguimento deste episódio o poeta e dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956) escreveu o seguinte poema:
A Queima dos Livros (2):
Quando o Regime ordenou que queimasse em público
Os livros de saber nocivo, e por toda a parte
Os bois foram forcados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queimai-mel escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me faças isso! Não me deixeis de fora! Não disse
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
A 20 de Maio de 1995, no mesmo local onde foram queimados os livros foi inaugarado o memorial da queima dos livros. O monumento, é uma sala subterrânea de 5×5 metros decorada com estantes vazias que dariam para guardar todos os livros destruídos pela iniactiva de Goebells. A autoria deste monumento é do artista israelita Micha Ullman, e nele consta a frase do poeta Heinrich Heine.
(1) Tradução livre.
(2) in Brecht, Bertolt, Poemas e Canções.