Olhos de Vidro de Camilo Castello Branco. Parceria António Maria Pereira. Lisboa, 1904, 220 págs. Mole.
“Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospetos da festividade por todo o reino.
Corria o ano de 1687.
A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.
Ao lado destas morosas locomotivas, perpassava, às vezes, garboso e conhecido cavaleiro a trote ou a desapoderado galope do seu cavalo rinchão. Cortejava as damas com gentis ademãs e sofreava as rédeas para dar tempo a regalarem-se olhos nas formosas viandantes, cuja beleza a majestade silenciosa das montanhas realçava.”
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“Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospetos da festividade por todo o reino.
Corria o ano de 1687.
A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.
Ao lado destas morosas locomotivas, perpassava, às vezes, garboso e conhecido cavaleiro a trote ou a desapoderado galope do seu cavalo rinchão. Cortejava as damas com gentis ademãs e sofreava as rédeas para dar tempo a regalarem-se olhos nas formosas viandantes, cuja beleza a majestade silenciosa das montanhas realçava.”
Olhos de Vidro de Camilo Castello Branco. Parceria António Maria Pereira. Lisboa, 1904, 220 págs. Mole.
“Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospetos da festividade por todo o reino.
Corria o ano de 1687.
A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.
Ao lado destas morosas locomotivas, perpassava, às vezes, garboso e conhecido cavaleiro a trote ou a desapoderado galope do seu cavalo rinchão. Cortejava as damas com gentis ademãs e sofreava as rédeas para dar tempo a regalarem-se olhos nas formosas viandantes, cuja beleza a majestade silenciosa das montanhas realçava.”
Peso | 230 g |
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