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Olhos de Vidro

“Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospetos da festividade por todo o reino.
Corria o ano de 1687.
A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.
Ao lado destas morosas locomotivas, perpassava, às vezes, garboso e conhecido cavaleiro a trote ou a desapoderado galope do seu cavalo rinchão. Cortejava as damas com gentis ademãs e sofreava as rédeas para dar tempo a regalarem-se olhos nas formosas viandantes, cuja beleza a majestade silenciosa das montanhas realçava.”

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Olhos de Vidro

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“Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospetos da festividade por todo o reino.
Corria o ano de 1687.
A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.
Ao lado destas morosas locomotivas, perpassava, às vezes, garboso e conhecido cavaleiro a trote ou a desapoderado galope do seu cavalo rinchão. Cortejava as damas com gentis ademãs e sofreava as rédeas para dar tempo a regalarem-se olhos nas formosas viandantes, cuja beleza a majestade silenciosa das montanhas realçava.”

Olhos de Vidro de Camilo Castello Branco. Parceria António Maria Pereira. Lisboa, 1904, 220 págs. Mole.

Alfarrabista


Sem apontamentos.

Descrição

“Seis meses antes de se abrir um céu que o leitor há de entrever em certas festas de Corpus Christi, em Braga, se eu conseguir bosquejá-las dignamente, espalharam-se prospetos da festividade por todo o reino.
Corria o ano de 1687.
A notícia alvoroçara as famílias das províncias de norte e sul. Era um louvar a Deus ver o denodo com que de solares sertanejos de Trás-os-Montes, por caminhos de cabras, desciam fidalgarrões, cabeças de copiosas tribos de meninas, sentadas sobre andilhas de coxins adamascados ou em liteiras ponderosas, cujos brasões iam dizendo a porção de sangue real de godos, seiva do venerando tronco de que tinham grelado as damas ou cavaleiros conteúdas dentro, a cabecear de sono.
Ao lado destas morosas locomotivas, perpassava, às vezes, garboso e conhecido cavaleiro a trote ou a desapoderado galope do seu cavalo rinchão. Cortejava as damas com gentis ademãs e sofreava as rédeas para dar tempo a regalarem-se olhos nas formosas viandantes, cuja beleza a majestade silenciosa das montanhas realçava.”

Informação adicional

Peso 230 g

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