Mortos de Papel: Um Caso de Petra Delicado de Alicia Giménez Bartlett. Editora Pergaminho. Cascais, 2002, 252 págs. Mole.
As poucas vezes que vi Valdés na televisão, afigurou-se-me um tipo de aspecto grosseiro. Fiquei tão vidrada nas suas características espirituals, que me era quase impossível descrever os seus traços físicos. Recordava-o de forma nebulosa: olhos de doninha, nariz de papagaio, bigode aparado e uma boca de velha do campo que não parava de espingardar maldades. Era, indubitavelmente, asqueroso. Por isso, a morte até que The assentava bem. Dignificara-o. No gavetão da morgue, emergindo do saco de plástico como uma crisálida no seu casulo, tinha um ar quase humano. Detectámos facilmente o orifício da bala, na têmpora esquerda, e o corte da degolação, que os médicos haviam suturado com perícia. O seu rosto exangue não apresentava qualquer expressão.
– Finalmente calou-se – comentou Fermín.
– Para secula seculorum.
– A pergunta é: mataram-no para o calar?
– A essa pergunta temos de contrapor uma outra: ou mataram-no por ter falado de mais?
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As poucas vezes que vi Valdés na televisão, afigurou-se-me um tipo de aspecto grosseiro. Fiquei tão vidrada nas suas características espirituals, que me era quase impossível descrever os seus traços físicos. Recordava-o de forma nebulosa: olhos de doninha, nariz de papagaio, bigode aparado e uma boca de velha do campo que não parava de espingardar maldades. Era, indubitavelmente, asqueroso. Por isso, a morte até que The assentava bem. Dignificara-o. No gavetão da morgue, emergindo do saco de plástico como uma crisálida no seu casulo, tinha um ar quase humano. Detectámos facilmente o orifício da bala, na têmpora esquerda, e o corte da degolação, que os médicos haviam suturado com perícia. O seu rosto exangue não apresentava qualquer expressão.
– Finalmente calou-se – comentou Fermín.
– Para secula seculorum.
– A pergunta é: mataram-no para o calar?
– A essa pergunta temos de contrapor uma outra: ou mataram-no por ter falado de mais?
Mortos de Papel: Um Caso de Petra Delicado de Alicia Giménez Bartlett. Editora Pergaminho. Cascais, 2002, 252 págs. Mole.
As poucas vezes que vi Valdés na televisão, afigurou-se-me um tipo de aspecto grosseiro. Fiquei tão vidrada nas suas características espirituals, que me era quase impossível descrever os seus traços físicos. Recordava-o de forma nebulosa: olhos de doninha, nariz de papagaio, bigode aparado e uma boca de velha do campo que não parava de espingardar maldades. Era, indubitavelmente, asqueroso. Por isso, a morte até que The assentava bem. Dignificara-o. No gavetão da morgue, emergindo do saco de plástico como uma crisálida no seu casulo, tinha um ar quase humano. Detectámos facilmente o orifício da bala, na têmpora esquerda, e o corte da degolação, que os médicos haviam suturado com perícia. O seu rosto exangue não apresentava qualquer expressão.
– Finalmente calou-se – comentou Fermín.
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